sexta-feira, 4 de novembro de 2022

O AMOR

 Troco as palavras mortas

por anseios vivos,

e concebo as estrelas 

no meu pensamento infinito.

Tocar sua alma,

impossível.

Dizer-lhe amor,

como uma chama,

intangível.

Petrificar,

seu corpo ao meu,

imperecível.

Talvez do verbo amar

eu diga:

Quero voar contigo

  iluminada de azul!

Quero vagar seu sonho 

no ventre luz

das cores do arco-íris!

Quero sonhar meus sonhos

na tua presença espiritual

cor de framboesa!

Talvez eu remova as montanhas,

as minhas entranhas de luz

para estar contigo nua.

Mas seu sinal desapareceu,

meu celular não vibra mais.

Seu caminho,

caminhante,

das notas musicais vívidas,

perderam-se nas chamas esquecidas

do nosso amor farto de iluminação.

Agora,

apenas continuo seguindo

meus sonhos,

e você, os seus.

A hora da partida

para o reencontro,

ninguém sabe ou viu.

Estaremos lado a lado,

na próxima subida dimensional.

Caminharemos com o olhar

do amor perdido fisicamente,

porém espiritualmente

estaremos lado a lado.

O templo de Deus é infinito

e sabemos que nos reencontraremos,

numa quântica dimensão.

Procuro apenas,

enquanto aqui,

uma saída natural

em viagens e visões terrenas.

Fotografo as paisagens

e continuo a te ver 

navegando por aí.

O amor do toque,

se tornou partida.

Espero agora o toque real

das suas emoções com as minhas.

Busco-te em mim,

vejo-me em ti

e apenas navego nas ondas.


Vanize Claussen

04/11/2022



O CORPO

 Os conselhos,

arrematados de tempo,

são dissolvidos da mente.

Os brotos,

que outrora cintilavam,

são movimentos invasivos

pelo corpo.

A imaginação não é a mesma,

mas ainda arde como fosse jovem.

As pétalas das papoulas,

caem lentamente,

sobrevoando as cidades,

num vôo gigante

de ir além mar.

A experiência,

antes nenhuma,

hoje absorve os receios 

das novidades

como sendo aperfeiçoamento.

O olhar agora é diferente.

Olha à frente sem demora,

mas apresenta o brilho louco

de passar a tinta na tela

ou de escrever milhões de versos.

São nas pequenas vírgulas,

nas pequenas pinceladas,

que a vida vai esvaindo,

chegando e indo

através dos sonhos realizados.

O momento é agora,

sem demora,

para jamais esquecer-se

e realizar sempre,

mesmo que gradativamente,

as emoções que acontecem.

Abre-se a porta do destino.

O corredor está intacto,

cheio de ar rarefeito.

Os passos seguem adiante,

semelhantes as corredeiras do rio.

Por mais que não quisesse,

ainda estaria se vestindo 

para o caminho.

As bolhas de sabão da imaginação,

sobrevoando suas ideias,

arremessam distante

o corpo crescido,

dentro e fora.

Agora,

continuando na estrada,

observa o por do sol mais adiante.

Assim é a vida,

nascemos e um dia partiremos

há outra dimensão.


Vanize Claussen

04/11/2022



quinta-feira, 3 de novembro de 2022

O PESCADOR

 O tempo úmido,

dilacera,

espantando as certezas.

É como um caminhante

que se move sem destino.

As águas crepitando, 

dentro da alma passante,

nessa terra de vagas lembranças.

Os anseios ficaram vestidos

da gêmea alma andarilha,

que se pôs, 

ao pôr do sol,

no seu anzol de estrelas,

pendurado na sua música.

O tempo molhado,

na terra gelada,

umedecida de luxúrias passadas,

ainda observa,

 os passos navegando,

 discretos,

nas esvoaçantes folhas 

de nevoeiro perdido.

O coração desata o nó.

A vara de pescar,

na centelha divina,

dilacera o amor em nuances,

longuínquas.

Agora,

 a brisa encharcada,

observa as gotículas

espumando na praia distante.

Já não existe a volta,

não existe a ida,

somente estar é necessário à vida.

Então,

o pescador,

longe de sua amada,

envolve-se no sol das estatísticas,

desejando encontrá-la,

um dia,

talvez. 


Vanize Claussen

03/11/2022






quarta-feira, 10 de agosto de 2022

PASSAGEM

O templo desemboca
nas corredeiras fotograficas
de certezas imperiais.
Discretamente antevejo,
flores do verão tardio.
São elucubrações inquietas
de uma primavera antiga
que dissolveu-se,
há tempos,
num pantanal vazio.
Lagos e rios,
perdidos no tempo
da visão insana
em ainda querer ser igual.
Nada é permanente,
os óculos de grau
o dizem que não.
O corpo já comporta
traços de vida,
mas abre-se 
com peles mortas
e renovadas com a imagem
das vivências passadas.
Vamo intuindo estrelas,
das quais,
 são cobres talhados,
na imensidão do universo.
O amor dissolveu-se
em cantos mágicos da natureza,
na preciosidade incontável
das folhas caídas 
sobre o lago imaginário,
onde há vida real,
sem ser maia.
A terra esquecida,
além do físico,
mostra-se totalmente aprazível.
Somos exatamente
essa luz que não se vê
quando estamos 
na terra dos viventes.
Ah! Quanta certeza
de estar apenas passando
um tempo aqui!
Apenas agradeço.

Vanize Claussen
10/08/2022




segunda-feira, 25 de julho de 2022

OBSERVAÇÃO

O vento balança
nas correntes sutis do amor.
São qual sementeiras, 
de flores,
de todas as cores.
A brisa leve,
espalha ruidosa,
as maçãs,
ainda inexatas,
no meio do jardim.
A luz do sol
vai aquecendo
as entranhas,
e os passarinhos,
ao longe,
marcam sua presença.
Igual uma ceia
é o amanhecer do dia!
Onde existe uma grande
festa de alegria,
onde o tempo se desfaz
e o presente da presença
acontece na paz.
Os caminhos discretos,
movem-se a distância,
até o encontro.
A longa espera,
vai dando margem
ao movimento de amar.
E vamos,
observando o vento passar.

Vanize Claussen
25/07/2021



sexta-feira, 8 de julho de 2022

O BARCO

 O tempo úmido,

nas discrepâncias aquáticas,

restauram a alma

do conhecimento vão.

São as folhas entumecidas

nas brancas penugens

das ondas,

que refrescam a areia

das incoerentes linhas humanas.

O barco,

precoce,

anestesiado de mar,

apenas observa,

ao longe,

a gigantesca imensidão

do céu de abril.

A água espraia

na insanidade das marés,

o tempêro místico de maia.

Os cordões,

ao vento,

perambulam,

dizendo pela terra,

que há de chegar,

um dia,

a brisa.

A casa,

presente está,

dentro do anseio elemental

de ser presente

e mover-se

aqui e agora.

O templo é a vida que,

 no horizonte,

emana a força dessas águas,

tocam calmamente

as escolhas.

Os elementos vibram,

enrriquecendo,

fortificando as ondas.

Sou terra, ar, fogo, mar,

vento, folha, brisa, teia,

pássaro...

Mergulho no tempo

de simplesmente observar.

Salto!

Recupero a sanidade

de ser quem sou.

Quero vida,

quero paz.

Apenas, observo

e sigo.


Vanize Claussen

16/04/2022



O QUE FAZER AGORA?

 Meu tempo chegou.

Está na hora de seguir.

Os ponteiros já observam

a quantia perdida

e o tesouro encontrado.

Oriento-me na linha

e continuo seguindo

pelas ondas marítimas

e pelo caos familiar.

Estou a deriva,

na busca do encontro

com a essência divina.

Desejo paz,

quero estar tranquila.

O muito se transforma em pouco

ou quase nada.

A estrada ficou larga

e posso ver o infinito.

Não tenho posses,

mas tenho comigo

o verdadeiro tesouro.

Nada e ninguém pode roubá-lo

sem que eu permita.

Procuro um porto seguro

onde a viagem do viajante

não para,

sempre contínua,

realça a paisagem.

Segue até onde existe paz.

A solidão constante

e meditativa,

me aquece

fazendo esquecer tudo

que me entristece.

Medito e vejo a luz.

Onde estão os dentes

mágicos dos pedidos?

Onde foi o casamento

perdido nas palavras insanas?

O que fazer agora?

Apenas observar,

escrever

e viver. 




Vanize Claussen

08/04/2022

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O CAMINHANTE