sábado, 2 de março de 2024

O CAMINHANTE

 O ponteiro do relógio

dispara,

transformando 

as interlocuções internas,

em sementes.

O mundo apaixona-se

nas inteirezas descobertas

ao profundo túnel

em seu prórpio ser. 

A porta abre-se,

desloca-se

e escancara seu valor.

Ainda é cedo

e o vento dedilha

nas pontas das árvores,

musicando a vida,

trazendo

em suas notas

a certeza da mudança.

Já não se é igual.

Os trocadilhos do caminho

amansaram sua bile

e o movimento do balanço

nas folhagens,

trazem,

apenas,

certeza.

Apesar da distração,

por certo período,

a visão retorna

ao coração fechado.

O lago,

espelhando,

no brilho da superfície

a sua profunda pureza,

alimentando,

por dentro,

suas muitas pequenas

formas de vida.

O horizonte abre-se

no azul-céu de nuvens rasas.

O caminhante,

desse tempo,

apenas observa a paisagem,

numa meditativa

formúla de insigths.

O corredr do tempo

em seu túnel mágico,

não espera,

nem observa,

apenas continua

sua natureza

de ser quem é.

O observador,

por si só,

alimenta-se

das ideias renascidas.

Ele desmascara

a corrente sanguínea

e segue seu caminho,

atrelado, em si,

no fluxo do agora.


Vanize Claussen

11/02/2023



UM TEMPO

 O vento,

no frenesi constante,

fricciona as folhas valentes

da grande mangueira.

As folhas verdes,

cremes, marrons...

fremulam suspensas

na ponteira do céu,

arredio hoje,

com a cor cinza buscapé,

olhando a gente,

 de longe.

O flambloyant gigante

iluminado de flores

na rua aberta,

faz um tapete,

coloidal de luz.

A aranha no telhado,

começa a tecer,

descendo lentamente.

Eu a olho,

da rede laranja,

deitada

suas perninhas pretas...

parece me obsdervar,

também.

Hoje o tempo está obtuso,

sem muita alegria,

mas as cores vão voltar.

O tempo está parado

e os pássaros,

ao longe,

cantam seus piados,

cada um na sua linguagem,

até o Bem-te-vi.

A natureza exclama certezas

nas incertezas impermanentes

de tudo.

Gosto de observar,

cada situação, 

um olhar perceptivo

encontrando um caminho

através do que escrevo.

Dizer apenas o que percebo

e sinto desse mundo.

Estou a deriva,

tentando me adequar

as novas circunstâncias.

Não sei até quando,

mas ainda tenho um tempo,

eu acho.

Deus é quem sabe.


Vanize Claussen

07/02/2022



UMA LUZ

  O cristal se abre,

evaporando dentro

a singeleza do amor.

As faíscas sobrevoam,

invadindo lentamente

a centelha luminosa

dos corações mais secos.

Abre-se as comportas,

de onde saem,

as mais ricas experiências.

A cor vermelha, 

laranja,

em seu calor estonteante,

comete a invasiva tênue

sensibilidade da arte de ver.

Os inquietos destinos

encontram-se

e dissolvem suas mazelas.

Agora é vida

em plenitude.

Agora é templo

do tempo de estar.

Agora é o espaço de apenas ser.

O caminho aberto,

 as flores emanando 

perfumes variados,

as cores invadindo a alma.

Somos além daqui

e vamos seguir em frente,

com a estrela na testa

da sabedoria de viver.

Hoje estamos,

amanhã seremos

apenas uma luz.


Vanize Claussen

02/03/2024





terça-feira, 24 de outubro de 2023

CAVALGADA

 Os cometas

alinhados ao centro

das corredeiras do amor,

reconfortavam,

na imagem polida,

de uma lua crescente,

a pálida expressão da brisa.

Os movimentos aconchegavam,

carregados de imagens sutis,

as pérolas do tempo.

Mover-se ao centro,

em si mesmo,

era o motivo

dos paradoxos.

Mas a certeza da luz,

embriagada no divino ser,

que caminhava pela porta,

adentrando sua imagem,

espelhando seu sentido,

era maior que a centelha

pulsante do seu coração,

era o propósito.

Assim,

no âmago do espaço,

escalava seus pensamentos

com a inquietante certeza

de prossseguir

cavalgando suas estrelas.


Vanize Claussen

24/10/2023



domingo, 6 de agosto de 2023

BRASÁFRICA

O olho aguça a fala,

tecida no tecido,

 colorida,

africano.

É como um vento,

Uma névoa,

Um lamento,

Uma força,

que a branca canção,

num toque,

não consegue,

por padrões criados,

nesse tempo humano,

captar.

A negra presença se faz,

numa ausência atrás,

agora.

Somos filhos da África,

somos filhos do vento,

da poeira do caminho,

de árvores sagradas,

somos filhos dessa estrada

entre África- Brasil.

Somos a mistura de povos,

NEGROS, BRANCOS, AMARELOS, VERMELHOS

de todos os lados,

SOMOS O COLORIDO BRASILEIRO.

Somo um povo cafuzo ou confuso?

Somos um povo mameluco ou maluco? 

Somos todos, pajem,

de em algum momento.

Em algum movimento,

Viramos a página e seguimos

Na nossa divina presença preta

no coração vermelho-lilás.

Onde mais teremos esse templo?

Nos cabelos encaracolados,

mesclados, revirados,

trançados e lisos.

Seremos a nação de todos,

numa mistura

portadora de cores

e iluminada de amor por todos.

Somos a BRASÁFRICA.

 

Vanize Claussen

06/08/2023 

sábado, 29 de julho de 2023

HUMANIDADE PERDIDA

 

Os anseios que tenho,

da índia que fui,

num templo distante,

é uma sensação vagante,

da trisavó pega no laço.

Onde uma vaga lembrança

sairia a correr,

por dentre as saias,

de tantas gerações,

num rompante masculino

de abocanhar a flor da mulher,

ou despedaçar sua maçã virgem

para seu gozo profundo de prazer.

Onde estariam os modos dos masculinizados,

se tiveram uma mãe-mulher?

Minha lembrança

indíginamente perturbada,

pela breve fagulha passada,

de geração a geração.

Muitos laços foram rompidos.

Muitos índios perdidos

e índias defloradas

ao prazer do homem branco.

Onde estaria esse prazer

de ser desumano?

Por dentre as pernas corredeiras

das índias ligeiras,

porém laçadas e lançadas

ao troco de dar prazer

ao olhar do homem

que branco escondia

sua perversa estupidez

escurecida na alma.

A índia que fui,

na figura da trisavó,

pega no laço,

desfeita está

pela refeita sensação

de uma humanidade

ainda desumana.

Depois de uma pandemia,

dos bocejos todos os dias,

de um alçapão de ideias

pelas redes sociais,

ainda encontramos,

nessa desumanidade latente,

 a desesperança dos aglutinadores.

Aqueles que entram

em nossas vidas,

 para dividir,

entrecortar,

através de pensamentos,

quem jamais poderíamos imaginar.

Ainda,

temos os humanos,

dizentes,

torturando,

através da mente,

invadindo o coração como serpente,

 pessoas que se querem bem.

O mal disfarçado de bem querer,

Invadindo nossa raiz indígena validada

pela trisavó pega no laço.

Assim continua a humanidade,

desacreditada,

fazendo guerras por nada.

Assim vejo a vergonha,

dos descréditos proferidos,

de pensamento equivocado,

a profanar o seio familiar indígena.

Apenas pelo prazer de deflagrar

a corrente da saudável trisavó,

cuidada com ervas.

Assim continua a humanidade perdida.

 

Vanize Claussen

27/07/2023

 

 


DIVINAMENTE

 

Hoje,

Escuto,

nas corredeiras

do tempo invisível,

 a sensação de paz.

O vento trouxe,

dentro e fora,

 a libertação dos movimentos

horizontalmente definidos

no corredor da vida.

Os espaços pequenos,

ficam grandes,

amortecidos,

pela grata forma de viver.

Os contextos simbólicos,

de toda uma vida,

são descartados

como padrões

dos antepassados.

Agora o caminho,

 me observa.

Olho em frente e vou.

O medo não me refreia,

mas impulsiona a seguir,

ganhar estrada a frente.

Busco minha paz,

nos caminhos adequados

na energia da alegria

que trouxe comigo

desde o início de tudo.

O antes, durante e o depois

estão comigo,

estão em mim.

Sou fogo, ar, terra e água.

Sou o ínicio e o fim.

Sou a vida física,

espiritual,

quântica,

emocional.

Sou tudo e nada,

o bem e mal estão em mim.

Sou a fênix espalhada

no túnel do tempo.

Sou o movimento

da menina,

da adolescente,

 da mulher madura.

Sou uma criatura

divinamente esculpida

como cada um aqui vivente.

Sou semente.

 

Vanize Claussen

27/07/2023

 

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