sábado, 2 de março de 2024

UM TEMPO

 O vento,

no frenesi constante,

fricciona as folhas valentes

da grande mangueira.

As folhas verdes,

cremes, marrons...

fremulam suspensas

na ponteira do céu,

arredio hoje,

com a cor cinza buscapé,

olhando a gente,

 de longe.

O flambloyant gigante

iluminado de flores

na rua aberta,

faz um tapete,

coloidal de luz.

A aranha no telhado,

começa a tecer,

descendo lentamente.

Eu a olho,

da rede laranja,

deitada

suas perninhas pretas...

parece me obsdervar,

também.

Hoje o tempo está obtuso,

sem muita alegria,

mas as cores vão voltar.

O tempo está parado

e os pássaros,

ao longe,

cantam seus piados,

cada um na sua linguagem,

até o Bem-te-vi.

A natureza exclama certezas

nas incertezas impermanentes

de tudo.

Gosto de observar,

cada situação, 

um olhar perceptivo

encontrando um caminho

através do que escrevo.

Dizer apenas o que percebo

e sinto desse mundo.

Estou a deriva,

tentando me adequar

as novas circunstâncias.

Não sei até quando,

mas ainda tenho um tempo,

eu acho.

Deus é quem sabe.


Vanize Claussen

07/02/2022



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