O tempo úmido,
dilacera,
espantando as certezas.
É como um caminhante
que se move sem destino.
As águas crepitando,
dentro da alma passante,
nessa terra de vagas lembranças.
Os anseios ficaram vestidos
da gêmea alma andarilha,
que se pôs,
ao pôr do sol,
no seu anzol de estrelas,
pendurado na sua música.
O tempo molhado,
na terra gelada,
umedecida de luxúrias passadas,
ainda observa,
os passos navegando,
discretos,
nas esvoaçantes folhas
de nevoeiro perdido.
O coração desata o nó.
A vara de pescar,
na centelha divina,
dilacera o amor em nuances,
longuínquas.
Agora,
a brisa encharcada,
observa as gotículas
espumando na praia distante.
Já não existe a volta,
não existe a ida,
somente estar é necessário à vida.
Então,
o pescador,
longe de sua amada,
envolve-se no sol das estatísticas,
desejando encontrá-la,
um dia,
talvez.
Vanize Claussen
03/11/2022
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