Nas contas do asfalto cinza escuro,
a solidão acalenta o encontro.
Almas afins chegam de distâncias reais
ao encontro para colheita.
Não foram feitas de abraçar,
mas de semear histórias além - céu,
além -mar.
Eles se encontram no olhar
e aquecem o pensamento
daquele momento inquietante.
A brisa para o ar.
Revoada de bem te vi ao redor,
nascendo nas escolhas de uma vida.
E nas entrelinhas desconectadas,
a transformação das ideias
na arte de ver além de espectativas,
além de rugidos ou risadas.
São as matilhas escondidas
no pensamento enrredado
de mutilações antigas,
fazendo renascer
um equivocado humor ácido.
Não consigo definir
o que atormentou por dentro,
parecendo um escremento escuro,
vindo de um coração inquieto.
A calma dissolveu o instante
de uma espera vazia de amor,
porém dizente de amar.
Apenas, observo.
Espero o tempo de diálogo real.
Sou mulher de saber o sabor da vida em mim.
O desafio está aceito,
tenho esse direito.
Porém,
nossa rima antiga,
talvez passada a ferro e fogo,
tenha sido uma miragem
ou talvez apenas aprendizado.
Não há como definir o encontro,
não há como querer tudo
e talvez nada dar.
O que tenho é meu escudo,
minha forma de andar,
minha forma de querer sonhar
e realizar meus projetos.
Sou artista,
escritora,
faço tudo o que quero...
não espero nada além,
apenas o bem que me repassa.
Não transpasse minha alma,
por vingança ou ilusão,
sou apenas uma flor
que desabrocha o coração
a cantar com o que tenho.
Ensinar, talvez, eu possa.
Mas prefiro aprender e entender
tudo isso que passa a frente.
Os moinhos já rodaram,
não sei se eles ainda o fazem.
Um coração partido com ações
distorcidas no tempo passado,
se resguarda, se acalma,
para entender o que se foi.
Acalma a alma,
coração inquieto,
e arruma seu templo
para que se abra uma flor.
O momento é o tempo
de estalar os dedos
e acreditar no amor.
Porém,
minha alma,
cansada de naveganças deslisadas
nas virtudes esquecidas,
já não consegue acreditar
que as corredeiras daquele riacho
ainda estão vivas.
Oh! Divino Templo em mim!
Atenta-me de luz
para que eu veja pureza,
que eu enxergue a rica verdade
da alma e de amar!
Pois, jaz,
não tenho pressa,
mas apenas pesar.
Vanize Claussen
12/06/2022