domingo, 12 de junho de 2022

SABOR DA VIDA

 Nas contas do asfalto cinza escuro,

a solidão acalenta o encontro.

Almas afins chegam de distâncias reais

ao encontro para colheita.

Não foram feitas de abraçar,

mas de semear histórias além - céu,

além -mar.

Eles se encontram no olhar

e aquecem o pensamento

daquele momento inquietante.

A brisa para o ar.

Revoada de bem te vi ao redor,

nascendo nas escolhas de uma vida.

E nas entrelinhas desconectadas,

a transformação das ideias

na arte de ver além de espectativas,

além de rugidos ou risadas.

São as matilhas escondidas

no pensamento enrredado

de mutilações antigas,

fazendo renascer 

um equivocado humor ácido.

Não consigo definir

o que atormentou por dentro,

parecendo um escremento escuro,

vindo de um coração inquieto.

A calma dissolveu o instante

de uma espera vazia de amor,

porém dizente de amar.

Apenas, observo.

Espero o tempo de diálogo real.

Sou mulher de saber o sabor da vida em mim.

O desafio está aceito,

tenho esse direito.

Porém,

nossa rima antiga,

talvez passada a ferro e fogo,

tenha sido uma miragem

ou talvez apenas aprendizado.

Não há como definir o encontro,

não há como querer tudo

e talvez nada dar.

O que tenho é meu escudo,

minha forma de andar,

minha forma de querer sonhar

e realizar meus projetos.

Sou artista,

escritora,

faço tudo o que quero...

não espero nada além,

apenas o bem que me repassa.

Não transpasse minha alma,

por vingança ou ilusão,

sou apenas uma flor

que desabrocha o coração

a cantar com o que tenho.

Ensinar, talvez, eu possa.

Mas prefiro aprender e entender

tudo isso que passa a frente.

Os moinhos já rodaram,

não sei se eles ainda o fazem.

Um coração partido com ações

distorcidas no tempo passado,

se resguarda, se acalma,

para entender o que se foi.

Acalma  a alma,

coração inquieto,

e arruma seu templo

para que se abra uma flor.

O momento é o tempo

de estalar os dedos

e acreditar no amor.

Porém,

minha alma,

cansada de naveganças deslisadas

nas virtudes esquecidas,

já não consegue acreditar

que as corredeiras daquele riacho

ainda estão vivas.

Oh! Divino Templo em mim!

Atenta-me de luz

para que eu veja pureza,

que eu enxergue a rica verdade 

da alma e de amar!

Pois, jaz,

não tenho pressa,

mas apenas pesar.


Vanize Claussen

12/06/2022




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