sexta-feira, 8 de julho de 2022

O QUE FAZER AGORA?

 Meu tempo chegou.

Está na hora de seguir.

Os ponteiros já observam

a quantia perdida

e o tesouro encontrado.

Oriento-me na linha

e continuo seguindo

pelas ondas marítimas

e pelo caos familiar.

Estou a deriva,

na busca do encontro

com a essência divina.

Desejo paz,

quero estar tranquila.

O muito se transforma em pouco

ou quase nada.

A estrada ficou larga

e posso ver o infinito.

Não tenho posses,

mas tenho comigo

o verdadeiro tesouro.

Nada e ninguém pode roubá-lo

sem que eu permita.

Procuro um porto seguro

onde a viagem do viajante

não para,

sempre contínua,

realça a paisagem.

Segue até onde existe paz.

A solidão constante

e meditativa,

me aquece

fazendo esquecer tudo

que me entristece.

Medito e vejo a luz.

Onde estão os dentes

mágicos dos pedidos?

Onde foi o casamento

perdido nas palavras insanas?

O que fazer agora?

Apenas observar,

escrever

e viver. 




Vanize Claussen

08/04/2022

INTERNAMENTE MAR

 Hoje,

o dia amanheceu

com gosto de sal.

O mar,

no seu frenesi,

numa revoada

de sons,

saltando 

entre as pedras,

encolhidas na praia,

jorrando sutis espumas

pela orla desse tempo.

O colorido insano

da areia com as pedras,

a água 

em sua branca evolução,

a mata,

formam a sutil mensagem

da natureza.

a borboleta se atreve

perto das ondas

e voa pacífica

pelas gotas batidas

de suas batidas.

Não me atrevo interrompê-la

e nem aos pássaros

com seus filhotes

na mata atrás de mim.

Cantantes melodias

espraiam em meu coração,

em minha vida.

Os olhos estão abertos

nas profundas emanações

que me atrevo receber.

O som ruidoso 

dos elementos naturais,

acalmam minha vida

no sentir dentro das almas.

Apenas observo

as passageiras

e momentâneas incertezas

das nuvens ao longe.

Hoje vejo o presente,

atento-me,

apenas ao que está.

Fortaleço-me de brisa,

de vento,

p'rá voar.

O nó na garganta,

pequeno está.

A estrada,

com seus atalhos,

observa a evolução.

São cancelas abertas,

discretas e saltadoras.

O movimento hoje é dentro.

Apenas observo.


Vanize Claussen

04/04/2022



domingo, 3 de julho de 2022

CAMINHADA SUTIL

O tempo esgotou-se

nas vírgulas e pontos finais.

Já não concebo,

nas distâncias escondidas

das certezas,

qualquer maldição.

Deixo-me entregue,

nas linhas do destino,

aquele atroz cavalheiro,

entontecendo as entranhas

de minh'alma.

Não posso fugir,

o tempo arrefece

as estações tardias

e a mulher,

cabendo em meu corpo,

chama sedenta,

a forma-luz-matéria,

para expandir ideias.

O tempo vai,

passando,

passeando,

correndo 

entre os dedos

de minhas mãos,

num contexto singular

de não ficar

e expandir Arte-Mundo.

As insatisfações

relatadas internamente,

passam.

Momentaneamente,

absorvo,

observo...

experiências,

experimentos,

soluções.

A criação e a arte de criar,

parte suculenta dessa vida toda.

Ainda tenho sonhos,

não os deixo em paz,

pois sem eles, 

suponhos,

ser mera divagação na terra.

A esfera,

na corredeira desse tempo,

ainda toca

em meu útero de flores.

Sinto a paz

com as cores esvoaçadas

dos Bem-te-vis

nas janelas da vida.

O nuance vermelho,

do céu de julho,

me apresenta novo caminho.

Desfaço-me do que perdi

e vou,

nos incertos pensamentos alheios,

busco a verdade intacta

de estar apenas

iniciando o voo da emoção

em sonhos realizados.

O tempo brilha

nas linhas do espaço

dessa caminhada sutilmente

ligada de música,

nesse movimento inquietante

de apenas ser.



Vanize Claussen 

03/07/2022


O TECIDO



No entrelace da vida,
vou corredeira abaixo
procurando na estrada
o tecido precioso,
todo cravado
em pedras preciosas,
estampado de sol
e tomado de luz.
Vou,
na esperança,
buscando uma certeza,
que esse caminho 
é o melhor.
As águas vão crepitando
meu barco,
de soluções invisíveis,
na rota viva da vida.
Os remos,
foram perdidos,
mas a água,
os leva ao mar
de todos os viventes.
E na busca,
infinitamente linda,
vou na embarcação,
tecendo a vida,
lembrando,
que antes já havia
sido tecida,
com o amor
de quem me trouxe a vida.
Meu tecido,
não está intacto,
nem perdido,
mas está sendo tecido,
ainda.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo,
minha vida,
no ventre de amor,
estão indo em-frente,
tecendo novas idéias,
novas histórias,
discorrendo soluções,
diante das suas navegações.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo de amor,
levam parte do que sou;
assim como trago,
parte de quem 
me trouxe a vida.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo de amor
tecem seus próprios sonhos pela estrada
ou pelo céu,
em vôo rasante,
ou  carro de papel,
não importa onde vão,
nem como vão encontrar,
o que importa,
na verdade,
é a forma de viajar.
Os tecidos que teci,
saíram de meu coração,
pelo corpo,
pelos poros de minha emoção.
São estrelas estampadas
no tecido da minha vida,
reluzindo suas facetas,
cada um na sua história.
Eles criam seus tecidos e,
com suas mãos,
tecem a vida,
trazendo em essência,
o tecido original.
Os tecidos que teci,
trazem a marca
de seu próprio tecido,
um aumento de história,
na sequência do amor.
Os tecidos que teci,
são balões soltos,
voam coloridos,
colina acima,
buscando,
cada qual,
o caminho pretendido.
O meu tecido na vida,
cresceu,
com mais um tecido,
pequenininho, ainda.
Todos eles estão
estampando suas vidas.
Os tecidos que teci,
vão, dia a dia,
tecendo seus próprios tecidos de vida.
E descendo
a corredeira da vida,
meu tecido,
eu encontro,
forjado de amor,
entrelaçado de luz,
cravejado de esperança
e iluminado de alegrias.
Os tecidos que teci,
apenas sorriem para mim.

Vanize Claussen
08/05/2022
Hoje homenageio minha mãe Edinar e meus filhos
Suria Hellen Sibelius Claussen e meu neto Caio Montes



sábado, 25 de junho de 2022

POESIA Sinais

Ampulheta - poesia

INFINIDADES

 Na infinita imensidão,

transformo folhas em flores,

nesta manhã de abril.

Não descarto a finitude,

mas amanheço no experimento

das infinidades de cores

ao nascer do sol.

Observo o céu,

sinto o silêncio natural,

encontro-me nessas linhas.

Vou amaciando

o travesseiro de nuvens,

extremamente vivas e brilhantes.

O café espera,

plácido,

a vez do  gole.

Meu cordão japamala

aguardando as rotineiras canções,

de mantras variados.

vou subindo a montanha,

estou amanhecendo,

dentro.

O incenso jorra,

seu cheiro doce,

dentro da casa.

As infinitudes de cada fim

transpassam meu pensamento.

Abro a janela das ideias

e vago nas variadas

dimensões quânticas.

Cada célula,

cada átomo

em constante transformação.

A memória singular

ou intensa,

existe em todo lugar,

a toda hora vagando.

Absorvo esse entrelaçamento

e desperto novamente

do sono da alma.

A humanidade se esgotou,

o colapso chegou.

Tudo está sendo proposto

pelo universo divino.

É hora de repensar

os detalhes,

as soluções,

a própria natureza

que a divina chama mostra

a cada um.

Não há como fugir

desse laço estreito,

onde, 

interligados estamos

com tudo que acontece,

pois a energia perpassa

por todo universo.

Não temos como escapar

do destino intensificado

da pandemia mental,

para sermos pessoas melhores,

mais humanas.

As músicas,

os livros,

a arte falará desses tempos.

Estaremos prontos 

para o que vira?

Novamente observo o céu

e vejo a claridade,

intensificada e radiante.


Vanize Claussen

17/04/2021





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O CAMINHANTE