O tempo esgotou-se
nas vírgulas e pontos finais.
Já não concebo,
nas distâncias escondidas
das certezas,
qualquer maldição.
Deixo-me entregue,
nas linhas do destino,
aquele atroz cavalheiro,
entontecendo as entranhas
de minh'alma.
Não posso fugir,
o tempo arrefece
as estações tardias
e a mulher,
cabendo em meu corpo,
chama sedenta,
a forma-luz-matéria,
para expandir ideias.
O tempo vai,
passando,
passeando,
correndo
entre os dedos
de minhas mãos,
num contexto singular
de não ficar
e expandir Arte-Mundo.
As insatisfações
relatadas internamente,
passam.
Momentaneamente,
absorvo,
observo...
experiências,
experimentos,
soluções.
A criação e a arte de criar,
parte suculenta dessa vida toda.
Ainda tenho sonhos,
não os deixo em paz,
pois sem eles,
suponhos,
ser mera divagação na terra.
A esfera,
na corredeira desse tempo,
ainda toca
em meu útero de flores.
Sinto a paz
com as cores esvoaçadas
dos Bem-te-vis
nas janelas da vida.
O nuance vermelho,
do céu de julho,
me apresenta novo caminho.
Desfaço-me do que perdi
e vou,
nos incertos pensamentos alheios,
busco a verdade intacta
de estar apenas
iniciando o voo da emoção
em sonhos realizados.
O tempo brilha
nas linhas do espaço
dessa caminhada sutilmente
ligada de música,
nesse movimento inquietante
de apenas ser.
Vanize Claussen
03/07/2022
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