quarta-feira, 6 de junho de 2018

PARTIDA

A vida,
muito simples,
continua a frente.
Dissolvo 
os ferrões inquietos
da minha frente.
Pérolas de palavras
jogadas ao vento.
Apenas,
mágoa,
sem solução.
Deixa lá,
não vou entrar,
nessa casa absurda.
O contínuo fluxo,
ainda vermelho,
orienta o vôo.
Abro as asas,
vou subindo,
 devagar.
Observo 
as nuances,
nuvens coloridas,
brisa leve no rosto.
Decisão chegando,
está na hora.
Já não posso mais,
jogo a rede
desejando pescar,
nas entranhas 
da minh'alma
a calma 
do sono sonhado.
Replico,
repico,
reproduzo
e não quero.
Palavras soltas,
solidão,
plantação apenas dentro.
O jardim está florido,
colorido,
mas não há quem o veja,
a terra o engolirá
e as raízes 
precisam desaparecer.
O entorno 
precisa escoar
das lágrimas
que a alma despeja.
A solução se foi,
agora tenho apenas
a partida.

Vanize Claussen
06/06/2018



sexta-feira, 1 de junho de 2018

EXPERIMENTO

O corpo morto,
fundido no tempo,
dissecado 
nas áureas sensações
de experimento.
Jaz,
fertilizado,
usado
saborosamente
nos inquietos rumores,
discretos anseios
do formigamento
das emoções famintas
de carrancudo medo
da felicidade.
Soterra,
dentro,
as vazias sentinelas,
todas elas
facetas inaproveitáveis,
improváveis azuladas,
suas cascas.
E nas rodas,
rotas,
passadas no toco,
caminhos sem fim,
o humano perdido,
reprovadamente,
sorrateiro,
comento seu próprio
prazer escondido:
a fome.
Sorvendo,
aglutinando saliva,
vai roendo 
sua própria barriga.
Ah! Pensamento!
Que tempo turvo,
e primitivo humano
estou vendo.
Limpa-me,
saúda-me,
traz paz
que na infância
tinha muito mais.
Que o Criador
da criação
olhe por cada um de nós,
hoje e sempre.

Vanize Claussen
29/05/2018


terça-feira, 29 de maio de 2018

MORDIDA

O motor ronca,
a fumaça vai saindo,
caminhões em todo lado,
parados.
O povo reclama,
já vai mais um dia,
sem gasolina.
Entremeados,
esfameados,
perdidos no lixão,
a população
vai engolindo 
a lama dos poderes,
uma gestão,
usurpada,
democracia vazia.
Já não se pode,
nada se faz...
pela dignidade,
apenas humana.
Um país,
Terra Brasiles,
políticos eletistas,
fascistas,
perdidos
em seu próprio
egocentrismo.
Discurso enganador,
emissoras vendidas,
perdidas na leitura
da gravura exposta
da população sofrida
por tantos impostos.
Desgosto em cima,
desgosto embaixo, 
um rastro de um rato,
cada um num prato,
mordendo nossas 
carnes estremecidas,
ainda doídas,
de tanta derrota.
Riquezas?
Somente quem pode.
- Ora, que burrice!
Deixa morrer,
pagando promessas
de habitação,
de terra prometida!
- Deixa morrer,
varrer a civilização
e deixar a hegemonia
comandar a sobra dos ratos!
Que povo barato 
que não grita,
que do pouco que ganha,
se assanha a comprar,
mas o imposto,
esse embutido,
não para de nadar
entre as ondas populacionais
de todo mundo!
Ah! Capitalismo,
talvez cético.
O dinheiro ainda vai acabar,
e depois?
Quem vai conseguir
ser dono?
Dono que que 
e comandante de quem?
Miséria será o teu fim,
humanos sem alma,
que tiveram o poder
e acumularam,
acumularam 
e tiraram
dos mais fracos.
Um dia virá o tempo,
será sagrado,
além da visão
de um demente egoísta.
Seremos humanidade
e cresceremos humanos
pelo tempo em idade.
Saberemos dividir o pão e
nosso pedaço cada dia.
O alimento será além do físico
e cantaremos unidos
por uma nova civilização,
onde amar o outro
será amar a nós mesmos.

Vanize Claussen
29/05/2018






terça-feira, 8 de maio de 2018

CRIAÇÃO

Carrego no ventre da alma,
a poeira cósmica de ser.
No caminho dissolvo teias
e vou vagando na brisa
as quantidades de luz
que me chegam de lá.
O movimento anestesia
a pulsação de tanta arte.
As canções que outrora
chegavam de todos os lados
apenas, de longe,
reflete o tempo perdido.
Agora, no andar constante,
flutuo nas estações,
recebendo o que vem,
com paz e serenidade.
O tempo de vida
trás o reflexo de ver,
muito além das imagens,
tatuagens e semblantes.
Apenas as corredeiras
descansam em paz,
passando, leve,
as pernas de existir.
E a vida,
no útero,
tal qual experimento,
formiga dentro,
descansando na criação.
As palavras não podem,
não dizem,
a sensação inteira,
de estar,
aqui,
e ver.

Vanize Claussen
08/05/2018



segunda-feira, 9 de abril de 2018

LEMBRANÇA

Relembrando o tempo,
dissolvendo estrelas,
no pulsar das estações,
seguindo em busca do amor.
Vou semeando,
cantando maré
no vento úmido de espumas.
O corpo,
na imensidão arenosa,
transforma-se em leveza,
agradece o pulsar da luz,
ouve o som das águas,
restaura infância,
renova saudade de vida. 
E, na sequência,
dos interfones coloridos
das idéias,
as soluções inexatas
vão mareando
nos cristais invencíveis
do tempo,
a lembrança.

Vanize Claussen
19/11/2017


segunda-feira, 2 de abril de 2018

EM FRENTE

O brilho seco,
dissolve as entranhas
da alma estranha.
Agora observando,
renovando o canto,
os passarinhos.
A canção entoa.
No vento,
paz.
O pente da folhagem
toca silêncio na alma.
Sonhar faz parte
de uma luz infinita.
O grito,
dentro,
relata o sabor do medo,
que vai saindo,
devagarinho solto,
passando,
vai mudando,
fazendo parte das partes.
Coragem,
em frente...

Vanize Claussen
11/01/2018


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