sexta-feira, 28 de agosto de 2015

QUANDO O SINO TOCA

Quando o sino toca,
despertando,
ouvidos internos,
vai soltando,
desfazendo,
dissolvendo e renovando.
Quando o sino toca,
decresce,
aquece a porta,
dentro,
elemento luz,
seduz,
reluz a flor,
coração.
Quando o sino toca,
solta vento,
descontrai,
eleva e leva embora,
afora aflora,
embarcação de asas.
Quando o sino toca,
intensidade,
verdade expandida,
compressão ação,
solução
quando o sino toca.
Ah! Quando o sino toca!
Taca, toca, tico, taco,
bola dentro agora,
rebola, embola
extrapola e vai.
Vai seguindo,
a bola rola,
e novamente o sino cai.

Vanize Claussen
28/08/2015

ASCENÇÃO

Navegando,
entre os abrolhos 
e ventos,
sorrateiramente observo,
tempo...
Na distância do abraço,
apenas mudo,
calado,
acalento nostalgia.
E no vagar
das escadas sublimes
de céu,
sobrevoo alpendres
de flores quentes,
onde dia e noite,
são apenas tramelas
de eternidade.
Nem surpresas,
nem verdades,
nem mentiras, 
nem idade,
dissolvem o dentro.
Na caminhada
ao largo das águas,
experimento de leveza,
realização, a paz...
E alço o voo novamente
olhando  o infinito.
Alimento-me de luz,
versos encantados
vão conduzindo,
espaço.
Os cadeados abertos,
os infortúnios,
para trás.
Apenas observação,
fugidia,
da ascensão
do amor.

Vanize Claussen
28/08/2015



DESCOMPLICANDO


O calor do fogo
ainda crepita,
dentro.

A alma,
inquieta sementeira,
esquenta.

Fora,
os insurgentes delírios,
que ninguém vê.

Ao longe,
volatinando,
apenas desejo.

Perto,
discreto,
um som estonteante.

Acima,
onde o mar despeja o céu,
avelãs.

E no instante
 marcado,
acensão.

No amor,
extensão,
extração.

No ato,
vagando,
distração.

No universo inteiro,
desacorrentando,
ilusão.

Vanize Claussen
28/08/2015




domingo, 9 de agosto de 2015

SAUDADE PAI Homenagem ao meu pai Nelson Corradini.


Lembrança de criança,

onde a flor de lótus era viva,

intensa sementeira,

numa paz infinita,

apesar das pirraças.

Quando a luz era cheiro de mato,

pincelada de cachoeira e praia,

dentro do azul das férias,

sempre enormes de alegrias.

Sua voz de autoridade

numa singela expressão

de apenas tirar o melhor

para que aprender

fosse apenas entendimento.

Pai,

apesar da minha timidez,

o encanto pela tua presença,

sempre forte,

me auxiliava na evolução de alma.

Uma força que ajudava,

dentro em meias palavras

a certeza de continuar, aqui.

Obrigada pelo amor,

pela educação recebida,

pela lágrima contida,

pelo carinho deixado.

A Luz que me vem,

também de ti vem,

que foi para mim

elemento de passagem

para o corpo físico aqui.

Carinho, respeito, amor e certeza

que futuramente,

quando eu partir,

encontrarei novamente

com tua centelha de paz.

Que as cortinas,

ainda fechadas,

se abram para a visão 

do esplendor da luz

que vem de ti à nós, seus filhos.

Só quero dizer: OBRIGADA PAI.

Vanize Claussen 

9/8/2015


sábado, 8 de agosto de 2015

RETRATO

Os ruídos expiram, 
espassam,
espessas nuvens 
ao chão. 
Os rumores esguios, 
refrescam,
restauram,
águas claras,
intactas corredeiras. 
A visão humorista 
propaga, 
perdula,
penteia inexatidão. 
A clareira afoga, 
refoga,
retrato de uma paixão,
pendente, 
descrente,
na ilusão latente 
do olho cumprido,
escorregadio de sua mão. 
Um retrato perdido, 
esquecido, 
inconstante, 
incomodado
com minha leve visão. 
Até breve homenzinho... 
fui saindo de mansinho 
dessa sua rotação.
Que horas vai acordar? 
Talvez eu tenha um palpite...
Na hora da despedida 
de sua alma gêmea aqui. 
Até breve irmãozinho, 
tenha certeza que além 
vamos entender tudo isso,
que jaz na memória discreta 
dessa mulher poeta.

Vanize Claussen 
08/08/2015



MODIFICAÇÕES TEMPORAIS

Tudo paralisou,
escorreu entre os dedos,
nas entranhas do coração.
Tudo modificou,
expandiu,
diminuiu,
entortou,
dissolveu em migalhas,
daquelas que transformam,
expalham,
extraem de dentro
as experiências das emoções,
entre espinhos e abrolhos,
vão desmistificando os encontros e encantos,
e apenas sobram escolhas ,
aquelas que revigoram a alma.
Sorrateiramente escuto
as dores interiores
que ninguém vê,
só a luz da vida
pode dissolver a espessura
dos registros de vivências.
A natureza exalando,
me chamando,
me querendo inteira.
Vou sobrevivendo,
sobrevoando
as diferenças que aumentam
essa distância de carinho.
Preciso recarregar a alma,
o tempo passa...
Nada acontece por acaso.
Estou à deriva,
discorrendo palavras
numa intuição de que
tudo que preciso
também precisa de mim
e está vindo em minha direção.
A solução é esperar.

Vanize Claussen
08/08/2015

sábado, 1 de agosto de 2015

ALMA PASSEANTE

Das surpresas,
desatados os fios,
os nós, 
seguindo o som,
do chorinho carnavalesco,
transbordando estrelas,
observando botões amarelos,
a vida segue boa
nesse feriado completo.
E, discretamente,
resolvendo andores
de passarinhadas lembranças...
Restaurando internas,
inteiramente,
na vaguitude dos traços
o compasso do retorno.
O foco retrata 
a paisagem verde
que renasce dentro,
nas entrelinhas pensamentais.
A água observadora inquieta,
continua seguindo o fluxo.
Ah! Tempo ligeiro,
que faz meu amor demorar!
Traz para mim esse beijo
que anestesia musicalmente
a minha alma passeante,
andante de vida!

Vanize  Claussen
15/02/2015

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