quarta-feira, 15 de junho de 2016

SURTOS LOUCOS


O olhar, 
pérola dos sentidos,
entontece,
enobrece
quando chega devagar
ao coração.
Tanto tempo,
tanta espera,
e agora tua lua, nua.
Olhando não sei o quê!
Paisagem perfeita,
a minha pele na tua.
Somente o Criador,
na sua certeza,
poderia permitir
tal façanha.
Ah! Tudo vai,
tudo vem...
E além mar,
estarei esperando
suas notícias.
O cortejo,
faz tempo,
se foi.
Agora,
enevoada espera,
que outrora,
viva,
somente escuta,
nas gavetas interiores,
os sentimentos remexidos,
disfarçados,
esquecidos,
enfeitiçados,
congelados ao fundo,
atrás do mundo.
E o olhar,
quente,
estarrecido,
perdido,
discordando a vibração
cantante do coração,
se foi,
estagnou,
parou nas diversas,
reversas,
fronteiras das amantes,
infinitamente muitas.
Retalhos em cada uma:
corda frouxa,
sapato aberto,
meia que não 
esquenta os pés,
retrato perdido.
Profundidade,
talvez um tico aqui,
outro ali,
de passagem,
apenas experimentar gostos.
Assim segue ainda,
pés descalços de pudor,
envolvendo,
prometendo,
embriagado de paixão,
nesta terra que 
não lhe pertence,
apenas o espera 
na hora fatal.
São truncados dias,
nublados perfumes,
mulheres carentes,
que lhe cabem.
Assim os dias,
nas estações perdidas,
de trabalho,
de vida,
retratam seu envolvimento,
cruel estágio sangrento,
que toca alma alheia,
sem lhe querer ficar.
Assim será seu destino,
que prometendo,
sem cumprir,
enganou-se a si mesmo,
dentro de seu funil 
de existência.
Pede clemência!
Deus,
por sua misericórdia,
irá te ouvir,
ou não.
Se existe retorno,
cuidado,
mais além,
depois do véu,
a cortina se abrirá.
Verá os surtos loucos,
provocados pela sua boca,
acariciando a minha.

Vanize Claussen
15/06/2016



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