domingo, 3 de julho de 2022

CAMINHADA SUTIL

O tempo esgotou-se

nas vírgulas e pontos finais.

Já não concebo,

nas distâncias escondidas

das certezas,

qualquer maldição.

Deixo-me entregue,

nas linhas do destino,

aquele atroz cavalheiro,

entontecendo as entranhas

de minh'alma.

Não posso fugir,

o tempo arrefece

as estações tardias

e a mulher,

cabendo em meu corpo,

chama sedenta,

a forma-luz-matéria,

para expandir ideias.

O tempo vai,

passando,

passeando,

correndo 

entre os dedos

de minhas mãos,

num contexto singular

de não ficar

e expandir Arte-Mundo.

As insatisfações

relatadas internamente,

passam.

Momentaneamente,

absorvo,

observo...

experiências,

experimentos,

soluções.

A criação e a arte de criar,

parte suculenta dessa vida toda.

Ainda tenho sonhos,

não os deixo em paz,

pois sem eles, 

suponhos,

ser mera divagação na terra.

A esfera,

na corredeira desse tempo,

ainda toca

em meu útero de flores.

Sinto a paz

com as cores esvoaçadas

dos Bem-te-vis

nas janelas da vida.

O nuance vermelho,

do céu de julho,

me apresenta novo caminho.

Desfaço-me do que perdi

e vou,

nos incertos pensamentos alheios,

busco a verdade intacta

de estar apenas

iniciando o voo da emoção

em sonhos realizados.

O tempo brilha

nas linhas do espaço

dessa caminhada sutilmente

ligada de música,

nesse movimento inquietante

de apenas ser.



Vanize Claussen 

03/07/2022


O TECIDO



No entrelace da vida,
vou corredeira abaixo
procurando na estrada
o tecido precioso,
todo cravado
em pedras preciosas,
estampado de sol
e tomado de luz.
Vou,
na esperança,
buscando uma certeza,
que esse caminho 
é o melhor.
As águas vão crepitando
meu barco,
de soluções invisíveis,
na rota viva da vida.
Os remos,
foram perdidos,
mas a água,
os leva ao mar
de todos os viventes.
E na busca,
infinitamente linda,
vou na embarcação,
tecendo a vida,
lembrando,
que antes já havia
sido tecida,
com o amor
de quem me trouxe a vida.
Meu tecido,
não está intacto,
nem perdido,
mas está sendo tecido,
ainda.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo,
minha vida,
no ventre de amor,
estão indo em-frente,
tecendo novas idéias,
novas histórias,
discorrendo soluções,
diante das suas navegações.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo de amor,
levam parte do que sou;
assim como trago,
parte de quem 
me trouxe a vida.
Os tecidos que fiz,
com meu corpo de amor
tecem seus próprios sonhos pela estrada
ou pelo céu,
em vôo rasante,
ou  carro de papel,
não importa onde vão,
nem como vão encontrar,
o que importa,
na verdade,
é a forma de viajar.
Os tecidos que teci,
saíram de meu coração,
pelo corpo,
pelos poros de minha emoção.
São estrelas estampadas
no tecido da minha vida,
reluzindo suas facetas,
cada um na sua história.
Eles criam seus tecidos e,
com suas mãos,
tecem a vida,
trazendo em essência,
o tecido original.
Os tecidos que teci,
trazem a marca
de seu próprio tecido,
um aumento de história,
na sequência do amor.
Os tecidos que teci,
são balões soltos,
voam coloridos,
colina acima,
buscando,
cada qual,
o caminho pretendido.
O meu tecido na vida,
cresceu,
com mais um tecido,
pequenininho, ainda.
Todos eles estão
estampando suas vidas.
Os tecidos que teci,
vão, dia a dia,
tecendo seus próprios tecidos de vida.
E descendo
a corredeira da vida,
meu tecido,
eu encontro,
forjado de amor,
entrelaçado de luz,
cravejado de esperança
e iluminado de alegrias.
Os tecidos que teci,
apenas sorriem para mim.

Vanize Claussen
08/05/2022
Hoje homenageio minha mãe Edinar e meus filhos
Suria Hellen Sibelius Claussen e meu neto Caio Montes



sábado, 25 de junho de 2022

POESIA Sinais

Ampulheta - poesia

INFINIDADES

 Na infinita imensidão,

transformo folhas em flores,

nesta manhã de abril.

Não descarto a finitude,

mas amanheço no experimento

das infinidades de cores

ao nascer do sol.

Observo o céu,

sinto o silêncio natural,

encontro-me nessas linhas.

Vou amaciando

o travesseiro de nuvens,

extremamente vivas e brilhantes.

O café espera,

plácido,

a vez do  gole.

Meu cordão japamala

aguardando as rotineiras canções,

de mantras variados.

vou subindo a montanha,

estou amanhecendo,

dentro.

O incenso jorra,

seu cheiro doce,

dentro da casa.

As infinitudes de cada fim

transpassam meu pensamento.

Abro a janela das ideias

e vago nas variadas

dimensões quânticas.

Cada célula,

cada átomo

em constante transformação.

A memória singular

ou intensa,

existe em todo lugar,

a toda hora vagando.

Absorvo esse entrelaçamento

e desperto novamente

do sono da alma.

A humanidade se esgotou,

o colapso chegou.

Tudo está sendo proposto

pelo universo divino.

É hora de repensar

os detalhes,

as soluções,

a própria natureza

que a divina chama mostra

a cada um.

Não há como fugir

desse laço estreito,

onde, 

interligados estamos

com tudo que acontece,

pois a energia perpassa

por todo universo.

Não temos como escapar

do destino intensificado

da pandemia mental,

para sermos pessoas melhores,

mais humanas.

As músicas,

os livros,

a arte falará desses tempos.

Estaremos prontos 

para o que vira?

Novamente observo o céu

e vejo a claridade,

intensificada e radiante.


Vanize Claussen

17/04/2021





A CURA

Meu amor,
meu templo físico,
te chama.
Te quero comigo,
em mim,
tracejando minha pele,
transpassando meus sentidos.
Preciso de ti,
na minha vontade.
Preciso de mim.
Quero transcender
as vergonhas
e iluminar meus dias de ti.
Vem me amar agora!
Já não sou linda,
nem inteira
como na juventude.
Porém,
carrego comigo,
certezas,
de que sou melhor agora.
Mesmo que o corpo
não esteja tão perfeito,
acredito na minha essência,
que encobre todo resto.
A mulher que fui,
ainda se move em mim.
Estou mais madura,
mais felina,
mais esguia,
cantante e renovada,
com liberdade todo dia.
Não existe mais censura,
só a cura em se olhar.

Vanize Claussen
16/03/20202



DIVINA CHAMA

 O sono me enxagua,

me eleva como brisa

nas profundas linguagens

de pássaros lúdicos.

Semeia as águas corrediças,

nas volúpias sagradas do amor,

invocado nas montanhas.

Acorda-me, oh, vento!

Transborda-me de paz

e aquecece-me 

no experimento 

das centelhas alegres

da chama divina!


Vanize Claussen

23/02/2020




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