sábado, 29 de julho de 2023

HUMANIDADE PERDIDA

 

Os anseios que tenho,

da índia que fui,

num templo distante,

é uma sensação vagante,

da trisavó pega no laço.

Onde uma vaga lembrança

sairia a correr,

por dentre as saias,

de tantas gerações,

num rompante masculino

de abocanhar a flor da mulher,

ou despedaçar sua maçã virgem

para seu gozo profundo de prazer.

Onde estariam os modos dos masculinizados,

se tiveram uma mãe-mulher?

Minha lembrança

indíginamente perturbada,

pela breve fagulha passada,

de geração a geração.

Muitos laços foram rompidos.

Muitos índios perdidos

e índias defloradas

ao prazer do homem branco.

Onde estaria esse prazer

de ser desumano?

Por dentre as pernas corredeiras

das índias ligeiras,

porém laçadas e lançadas

ao troco de dar prazer

ao olhar do homem

que branco escondia

sua perversa estupidez

escurecida na alma.

A índia que fui,

na figura da trisavó,

pega no laço,

desfeita está

pela refeita sensação

de uma humanidade

ainda desumana.

Depois de uma pandemia,

dos bocejos todos os dias,

de um alçapão de ideias

pelas redes sociais,

ainda encontramos,

nessa desumanidade latente,

 a desesperança dos aglutinadores.

Aqueles que entram

em nossas vidas,

 para dividir,

entrecortar,

através de pensamentos,

quem jamais poderíamos imaginar.

Ainda,

temos os humanos,

dizentes,

torturando,

através da mente,

invadindo o coração como serpente,

 pessoas que se querem bem.

O mal disfarçado de bem querer,

Invadindo nossa raiz indígena validada

pela trisavó pega no laço.

Assim continua a humanidade,

desacreditada,

fazendo guerras por nada.

Assim vejo a vergonha,

dos descréditos proferidos,

de pensamento equivocado,

a profanar o seio familiar indígena.

Apenas pelo prazer de deflagrar

a corrente da saudável trisavó,

cuidada com ervas.

Assim continua a humanidade perdida.

 

Vanize Claussen

27/07/2023

 

 


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