sábado, 17 de junho de 2023

CONTORCER

Quisera,

aos bugalhos menores,

esconder minha decepção.

Porém,

por discretas erupções,

dito a língua do silêncio.

Já não quero falar por tempo

de falar por falar,

mas quero, amiude, a palavra inteira,

farfalhando em meu estômago

de dançarina inquieta.

Apenas,

vou deixar solturas

onde as amarguras entraram.

Vou caminhar

vestida de passarinho

e colorir as árvores ao redor.

Não há tempo de decepções,

apesar do seu murmúrio.

Hoje existe o caminho inteiro,

passeando a minha frente.

Não escondo minha dor,

ela está latejando.

Mas posso amenizar

os contornos que fizeram

com a verdade que é real.

Sem tempo pra dissoluções,

pois quem faz,

faz por prazer ou inveja,

não importa…

Por isso,

meu tempo ficou pequeno,

discreto, sem contorno

pra se ver.

Agora,

depois dos embaraços,

outros abraços verdadeiros,

virão naturalmente.

Por vezes,

o fator consanguíneo

não é tudo.

Então, compreendo,

que quem muito doou,

receberá seu galardão.

Porém, aquele que veio,

machucou e entornou,

seu envenenamento,

em discretas palavreadas,

também recebe, por certo,

o mundo que elucubrou.

Sigo minha rota,

o divino dissolve a teia,

e a gigante aranha,

se mata, de medo.

 

Vanize Claussen

15/06/2023




TODOS E NENHUM


Tornei,
meu suposto tempo,
numa divagação instantânea
de sabores inexatos.
Daqueles, tais quais,
eu quis um dia entender.
Pois do cordão,
ao sabor da gilete umbilical
desse meu destino,
florescem muitas luzes
ao meu redor.
No momento,
ainda turvam,
as imagens
da traíra expressão,
da fugaz razão que passa
a escassez de apenas ouvir.
Descaso do serviçal
em uma vida,
descolando-se a placenta,
na tardia formação
de uma nova etapa.
Agora é seguimento,
nas profundas teias
da cobra cinzenta,
de tantos venenos expostos
navegando junto aos traços,
em vagas desilusões tecidas
desde a infância.
Todos somos responsáveis,
e cada um,
remete em sua fala,
seu pior pecado.
Entrelaçados,
consanguíneos
em vários dissabores,
escritos pela vida,
dos que vieram antes,
dos que não souberam
familiarizar com clareza
nessa correnteza
de expressões
que se chocam
pelo fio perdido, lá atrás.
Onde aconteceu?
Onde a vida parou?
Quem não viu?
O que expandiu?
Nenhum de nós
se deu conta, ainda.
Cada um,
na mercê do destino,
foi buscar sua solução.
E, aqui estou,
tentando emergir
de alguma falha no tempo.
Ainda não sei onde,
nem como aconteceu,
nem consigo visualisar
o que não posso,
por estar dentro
do outro espaço,
onde não tenho acesso.
Apenas expresso,
na espreguiçadeira do destino,
as fagulhas desse tempo,
onde todos e nehum de nós
sabe onde vai dar.

Vanize Claussen
17/06/2023




sexta-feira, 7 de abril de 2023

A VIDA É AGORA

 O tempo passa

não escolhendo a hora,

apenas passa...

Quando percebemos,

já é outro janeiro,

e esquecidas ficam

as vibrações anteriores.

A vida é agora!

 O tempo passa!

A natureza apenas

exala a vida

e nós somos 

os buscadores da essência,

do perfume divino em nós.

Quando tudo isso começou?

Quando termina?

A vida é passageira,

discreta,

vai passando

sem que percebamos,

até mesmo,

o momento de partir,

não percebemos.

O plano físico é passagem,

experiência para depois.

Somos seres espirituais,

divinos,

nascidos do amor.

Somos feitos para amar.

O tempo passa,

e vamos somando 

riquezas materiais.

Por que,

se tudo fica no planeta,

é do planeta?

Somos seres passageiros

de uma locomotiva individual.

Somos moradores de aluguel

nesta terra da humanidade.

Os próprios humanos

matam os humanos

de variadas formas.

Alguns querem o comando

de uma população inteira,

outros degradam a natureza.

Alguns matam por dinheiro,

outros por irresponsabilidade 

no trânsito, 

assim se foi uma amiga:

 Margareth Peres Fonseca.

Assim se foi um amigo:

Waldir José do Couto...

Existem escritas as leis de trânsito.

Onde está a ação humana 

para fazer valer essa lei?

Onde estamos chegando 

com toda essa desumanidade 

de correria contra um tempo?

Um tempo que passa para todos...

Choro as lágrimas dos que ficaram,

choro por todos aqueles que não tiveram tempo

e choro por tudo que há de vir nesta terra.

Choro por mim, por você, por eles...

não há mais tempo.

A vida é agora.


Vanize Claussen

07/04/2023





segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

OLHAR

 O templo retilíneo, 

esquecido pelas interlocuções

manejadas pelo vento,

onde as curvas insanas detectam

a coloração do olhar

na vontade de chegar,

informam, 

de passagem,

a junção pré-existente

nessas almas andarilhas.

O coração lampeja,

discretamente,

as imperfeições,

antes faladas,

agora atreladas a sua alma vagante.

Não distante,

nem tão perto,

o movimento exala encontro

de passageiros ajustados

a nova fórmula de vida.

As feridas cicatrizadas

se romperam para sempre.

Agora é a hora

de entrar no barco

e navegar distâncias.

Agora é hora de assumir

o risco de ser quem

se quer ser.

A mudança contínua

alimentam os sonhos

das verdades internas.

Agora é só olhar

e viver presente.


Vanize Claussen

06/02/2023





quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

HERMÉTICA VIDA

 O lenços umedecidos,

descartavam as certezas,

antes passeavam, 

num quadrante

de pura luz e paz.

Agora atiçavam,

nas corredeiras do céu,

o véu oculto da passagem.

Intacto precipício,

quando não se cuida,

quando afoita-se

num despenhadeiro marítimo

sem atenção.

Mas,

do outro lado,

num quântico espaço,

movimentam-se

seres celestiais a nos ver,

a nos proteger,

a nos guiar 

pelos caminhos invisíveis.

A sabedoria,

observa trigueira,

a vontade de viver.

Mas as entrelinhas

falam do ato de morrer.

O cuidado,

na tremenda euforia de viver,

transformou-se.

Agora jaz

o espetáculo

da passagem maia,

ilusória vida,

que atrelada a instantes,

nos levam,

à todos,

ao mesmo destino.

Somos o furacão,

que permeia

pela terra,

que arremessa,

para longe,

a quântica fórmula

de viver para morrer.

Assim é para todos,

tudo passa

nessa passagem 

de vida fisica.

A maior dimensão

está por vir,

ainda.


Vanize Claussen

08/11/2022



quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

AMIZADE

A escavadeira batida, 

na cumprida estrada,

relatava a certeza

 do tempo qualificado.

Mesmo que por tantas

e tantas remexidas certezas,

as águas de chuva,

no movimento de encontrar,

clarificado,

entornava a emoção,

a amizade inteira.

As fornalhas do templo

da alma,

ainda intactas, 

na medida certa.

As conjunções dos astros,

por mais medonhas que fossem,

não poderiam nos tocar.

Foi divinamente planejado.

Os sorrisos faceiros

dos mirins brejeiros,

fascinando em toda parte

a família encantada,

que, por certo,

estariam notadas,

noutras quantitativas vidas.

Um tempo sem igual,

restaurando a alegria

da emoção perdida.

O movimento do abraço,

do aconchego das palavras,

da satisfação da vida.

Amizade eternizada

em sorrisos.


Vanize Claussen

01/11/2022




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O CAMINHANTE