A chuva,
desembainha a estação,
movimentando ideias,
dissolvendo as espectativas,
alterando o clima
das ameaças externas.
Vou observando o contorno,
o entorno,
as entranhas estranhas
das afeições dependentes.
Agora,
olho em frente,
sem olhar atrás.
Percebo,
nas escasas imperfeições,
a impermanência de tudo,
a vulnerabilidade da vida,
seguida de inexatidões.
Arremesso para chegar,
mas a vida é,
notoriamente,
passageira.
Somos,
todos,
os passageiros
de templo terra,
também inexato.
Correlaciono as imagens
do tempo anterior
com o que vejo agora.
Observo que invoco,
pela lembrança,
uma ausência,
cruel,
da infância.
Como foi bom!
Porém,
passageira,
a vida inteira,
até aqui.
Quando vemos,
temos mais de sessenta,
mais de oitenta,
nas primaveras da vida.
As estações estão vivas,
isso que importa,
em cada período,
sua voz.
Assim vejo hoje,
com essa meia quente
das marés vividas.
Assim desço e subo,
pelas colinas dessa existência.
Vanize Claussen
10/03/2025