segunda-feira, 10 de março de 2025

ESTAÇÕES

A chuva,

desembainha a estação,

movimentando ideias,

dissolvendo as espectativas,

alterando o clima

das ameaças externas.

Vou observando o contorno,

o entorno, 

as entranhas estranhas

das afeições dependentes.

Agora,

olho em frente,

sem olhar atrás.

Percebo,

nas escasas imperfeições,

 a impermanência de tudo,

 a vulnerabilidade da vida, 

seguida de inexatidões.

Arremesso para chegar,

mas a vida é,

notoriamente,

passageira.

Somos, 

todos,

os passageiros

de templo terra,

também inexato.

Correlaciono as imagens

do tempo anterior

com o que vejo agora.

Observo que invoco,

pela lembrança, 

uma ausência, 

cruel, 

da infância.

Como foi bom!

Porém,

passageira,

a vida inteira,

até aqui.

Quando vemos,

temos mais de sessenta,

mais de oitenta,

nas primaveras da vida.

As estações estão vivas,

isso que importa,

em cada período,

sua voz.

Assim vejo hoje,

com essa meia quente

das marés vividas.

Assim desço e subo,

pelas colinas dessa existência.


Vanize Claussen

10/03/2025



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