quarta-feira, 27 de junho de 2018

COMIDA APROVADA

Os montes,
reclinados nas lapelas
das codornizes alertas,
ventam discretos
sob os alimentos naturais.
A hibernação
das gotículas dos sabores,
se desfaz
nos amarelados
e plastificados
quilos de anseio
amarelo ovo.
E no lamento da fome,
pelo mundo todo,
as bocas úmidas,
quase secas,
saboreiam apenas ar,
rarefeito.
A comida insana,
de humanos robotizados,
invade a alma,
com calma,
transgênica.
Tudo modificado,
aprovado,
governamentado,
para matar?
Onde ficou
a galinha da roça,
os ovos caipiras,
os vegetais orgânicos
e o coador de pano?
Onde estão as sementes?
E a terra para plantar?

Vanize Claussen
27/06/2018







terça-feira, 26 de junho de 2018

PADRÃO

Na solidão intacta,
divinal,
o relógio vai marcando.
Os segundos cantam
como fonte de sementeira.
O corpo delira no campo úmido,
veste-se de eletrecidade
e vai naufragando 
no capim dourado.
Os intelectuais andando
e sobre o cimento roto
das estações,
dos vidros espelhados,
nos grandes arsenais humanos
que cintilam o horizonte,
apenas construções,
arranha-céus fulminam
a paisagem,
outrora natural.
Tempos de lucro,
onde a encurvatura
se acha na moeda corrente.
Demência humana,
escravizada na sua teia
tecida de globalização.
Seus dedos não tocam mais
e as sementes estão morrendo.

Vanize Claussen
26/06/2018



MOVIMENTO INVERSO

As notas musicais,
agora cheias de brisa,
vão entorpecendo
as asas esguias
que soltam faíscas
de fogo sublime.
O tempo distante
não existe na estação,
apenas cores inventadas
das serpentinas e confetes
que estouram 
dentro do estomago,
numa felicidade instantânea.
São as corredeiras,
perspicazes gotículas,
sobrevoando as cabeças
que passeiam intactas
por todo globo.
As florestas reclamam
das sementeiras,
que jaz,
invadiram plásticos.
Os olhares espantados,
através da luneta mágica,
observam,
languidos,
os alimentos produzidos.
Já não há alimento,
apenas objetos transformados
para saboreio das nações.
Perdeu-se o tempo
das andorinhas soltas,
dos animais correndo,
da estimação humana.
Agora a corrida insana,
fluidifica, apenas,
um conceito de um tempo
que já se foi.
O movimento extermínio,
começou com os poderio
dos poderosos,
O dinheiro
já não tem valor.
Governantes,
como imaculados,
morrendo de fome
por conta de sua ganância.
O planeta,
na sua rotatividade, 
lenta e muda,
descarta
mais uma vez
a vida.

Vanize Claussen
26/06/2018



segunda-feira, 25 de junho de 2018

TECIDO

Numa terra sem receios,
vagante neve,
além do horizonte estéril,
o sabor implacável
das rosas vivas;
o céu perambuleante
desce a ladeira
das conexões intactas
dos saboreais divinos
escorridos pela boca
do dente de leão.
O leque atiçado acima,
rodopia cantante melodia
descreve, tenaz,
a sensação perdida
das letras insanas
penduradas ao varal.
A cabeça,
compilada de olhos sagazes,
vai, arredia,
sorvendo a água
que levanta voo
dentro das orelhas perdidas.
O tecido,
construído de massa,
pesada,
vai desenrolando as penas
dos pés descalços
e saltitante,
rodopia entrelaçando-se
na ventania das veias.
É tempo de tecido,
cortar,
costurar,
e apenas saborear
o canto.

Vanize Claussen
25/06/2018



sábado, 23 de junho de 2018

INCANDESCENTE

O vento toca,
latejante espalha
na plantação de idéias
a doçura do beijo,
inquieto desejo
de afogar nas longas 
e formosas nuvens,
 a palidez do abraço.
São pequenas orquídeas 
soltas,
pela tábua corrida.
E a luz 
invadindo,
vai derramando perfume,
trocando uniforme,
tocando,
de leve,
o tecido que flameja,
voa sem sentido
pelo tempo mágico,
aguardando,
apenas,
os pés no gramado.
Uma sinfonia discreta,
vai cortando,
semeando,
dissonante,
a pragmática novela
incandescente.
Manuseando a pele,
já rota de vida,
nota-se a estrela,
mocidade enérgica,
que vai soltando
os balões coloridos,
numa paisagem natural.
A experimentação
dos sabores
é apenas ínicio
da grande jornada.
Agora é tempo
do caminho azul,
onde sobrevoam fendas
para o canto final,
o anoitecer.

Vanize Claussen
23/06/2018


quinta-feira, 21 de junho de 2018

TERRA

As variantes esteiras,
nas tranquilas 
descendentes imagens,
vão transformando abrolhos
numa rajada de retóricas
incandescentes.
As teclas ativadas
de semeadura vigente,
vão derrubando as fronteiras,
intermediando 
sensações interiores.
O mar não pode tangir
as intangíveis palavras
que sobrevoam
e saem expandindo o globo.
O inquieto estado da criação,
vai tomando forma gigantesca,
vai sutilmente invadindo
e transformando vidas,
vai encaminhando,
nas truculentas 
corredeiras do tempo
a reação mundial.
Assim,
viajando nesse tempo,
dentro do interior
das fugazes fagulhas
temporárias,
vamos intuindo,
na certeza indescritível de viver,
a escolha definida 
em cada segundo,
vamos olhando, sentindo
e descrevendo imagens
através de inebriantes vertentes
dissolvidas, um dia, 
ao pó.
Terra de ninguém.
Todos vamos embora.

Vanize Claussen
21/06/2018



ÊXTASE

Imensamente sol,
além das fronteiras
inquietas dos vasos;
sorvendo encantamento
de todos os orifícios
numa relaxante
tridmensional
experiência divina.
Aceleramento
das vértebras 
nas artérias.
O sangue morno,
rodeado de lições,
vai espargindo
ditados longos
dos anzóis azuis
do tempo.
A navegação,
orientada pelas
asas borboletais,
vai soltando a proa
das idéias geniais.
Os ornamentos
vão saindo
feito pássaros
de sua cabeça,
e a coroa impune,
aredondada,
ressoa num cortex
brutalmente leve,
onde a centelha viva
vai emergindo
flores perfumadas.
O cálice,
cheio do vinho 
da vida,
espraia movimentos 
retilíneos,
emerge das águas,
triunfais e inusitadas,
ventarolas agudas.
Subitamente,
túnel de luz
de cima abaixo,
numa explosão de cores.
Expressão única,
alegria de olhar,
sensação de paz.
Puro e divino êxtase.

Vanize Claussen
21/06/2018






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