terça-feira, 26 de junho de 2018

MOVIMENTO INVERSO

As notas musicais,
agora cheias de brisa,
vão entorpecendo
as asas esguias
que soltam faíscas
de fogo sublime.
O tempo distante
não existe na estação,
apenas cores inventadas
das serpentinas e confetes
que estouram 
dentro do estomago,
numa felicidade instantânea.
São as corredeiras,
perspicazes gotículas,
sobrevoando as cabeças
que passeiam intactas
por todo globo.
As florestas reclamam
das sementeiras,
que jaz,
invadiram plásticos.
Os olhares espantados,
através da luneta mágica,
observam,
languidos,
os alimentos produzidos.
Já não há alimento,
apenas objetos transformados
para saboreio das nações.
Perdeu-se o tempo
das andorinhas soltas,
dos animais correndo,
da estimação humana.
Agora a corrida insana,
fluidifica, apenas,
um conceito de um tempo
que já se foi.
O movimento extermínio,
começou com os poderio
dos poderosos,
O dinheiro
já não tem valor.
Governantes,
como imaculados,
morrendo de fome
por conta de sua ganância.
O planeta,
na sua rotatividade, 
lenta e muda,
descarta
mais uma vez
a vida.

Vanize Claussen
26/06/2018



segunda-feira, 25 de junho de 2018

TECIDO

Numa terra sem receios,
vagante neve,
além do horizonte estéril,
o sabor implacável
das rosas vivas;
o céu perambuleante
desce a ladeira
das conexões intactas
dos saboreais divinos
escorridos pela boca
do dente de leão.
O leque atiçado acima,
rodopia cantante melodia
descreve, tenaz,
a sensação perdida
das letras insanas
penduradas ao varal.
A cabeça,
compilada de olhos sagazes,
vai, arredia,
sorvendo a água
que levanta voo
dentro das orelhas perdidas.
O tecido,
construído de massa,
pesada,
vai desenrolando as penas
dos pés descalços
e saltitante,
rodopia entrelaçando-se
na ventania das veias.
É tempo de tecido,
cortar,
costurar,
e apenas saborear
o canto.

Vanize Claussen
25/06/2018



sábado, 23 de junho de 2018

INCANDESCENTE

O vento toca,
latejante espalha
na plantação de idéias
a doçura do beijo,
inquieto desejo
de afogar nas longas 
e formosas nuvens,
 a palidez do abraço.
São pequenas orquídeas 
soltas,
pela tábua corrida.
E a luz 
invadindo,
vai derramando perfume,
trocando uniforme,
tocando,
de leve,
o tecido que flameja,
voa sem sentido
pelo tempo mágico,
aguardando,
apenas,
os pés no gramado.
Uma sinfonia discreta,
vai cortando,
semeando,
dissonante,
a pragmática novela
incandescente.
Manuseando a pele,
já rota de vida,
nota-se a estrela,
mocidade enérgica,
que vai soltando
os balões coloridos,
numa paisagem natural.
A experimentação
dos sabores
é apenas ínicio
da grande jornada.
Agora é tempo
do caminho azul,
onde sobrevoam fendas
para o canto final,
o anoitecer.

Vanize Claussen
23/06/2018


quinta-feira, 21 de junho de 2018

TERRA

As variantes esteiras,
nas tranquilas 
descendentes imagens,
vão transformando abrolhos
numa rajada de retóricas
incandescentes.
As teclas ativadas
de semeadura vigente,
vão derrubando as fronteiras,
intermediando 
sensações interiores.
O mar não pode tangir
as intangíveis palavras
que sobrevoam
e saem expandindo o globo.
O inquieto estado da criação,
vai tomando forma gigantesca,
vai sutilmente invadindo
e transformando vidas,
vai encaminhando,
nas truculentas 
corredeiras do tempo
a reação mundial.
Assim,
viajando nesse tempo,
dentro do interior
das fugazes fagulhas
temporárias,
vamos intuindo,
na certeza indescritível de viver,
a escolha definida 
em cada segundo,
vamos olhando, sentindo
e descrevendo imagens
através de inebriantes vertentes
dissolvidas, um dia, 
ao pó.
Terra de ninguém.
Todos vamos embora.

Vanize Claussen
21/06/2018



ÊXTASE

Imensamente sol,
além das fronteiras
inquietas dos vasos;
sorvendo encantamento
de todos os orifícios
numa relaxante
tridmensional
experiência divina.
Aceleramento
das vértebras 
nas artérias.
O sangue morno,
rodeado de lições,
vai espargindo
ditados longos
dos anzóis azuis
do tempo.
A navegação,
orientada pelas
asas borboletais,
vai soltando a proa
das idéias geniais.
Os ornamentos
vão saindo
feito pássaros
de sua cabeça,
e a coroa impune,
aredondada,
ressoa num cortex
brutalmente leve,
onde a centelha viva
vai emergindo
flores perfumadas.
O cálice,
cheio do vinho 
da vida,
espraia movimentos 
retilíneos,
emerge das águas,
triunfais e inusitadas,
ventarolas agudas.
Subitamente,
túnel de luz
de cima abaixo,
numa explosão de cores.
Expressão única,
alegria de olhar,
sensação de paz.
Puro e divino êxtase.

Vanize Claussen
21/06/2018






segunda-feira, 18 de junho de 2018

TOQUE

A brisa toca
e na leveza da vela solta
vai empinando a pipa,
vai saboreando espuma,
confiscando paisagem
de ver-se,
totalmente dentro,
na vaga lembrança
uteral de alma.
São os novelos,
envelhecidos,
formados 
por fagulhas antigas,
que,
soltos,
evaporam no ar.
Sublime desejo,
partir,
ir num passeio além,
totalmente integrada
na novela da vida,
nos países de lá
e de cá,
simplesmente ir.
Ah! 
O peito aberto de luz,
vai clareando o caminho,
iluminado de cor!
Sorrateiramente,
nas enevoadas 
e estreladas matas
de tantos lugares,
de tamanhos imensos,
vou retirando a seiva,
vou escolhendo a textura
e pintando 
os espaços acordados.
O gozo se espalha
dentro e fora,
vai se entornando
na mania de arte,
vai transformando
pessoas comuns
em gente humana.
Ah! a Humanidade!
Quanta beleza,
quanta saudade!
Sentimento inquietante,
muito além de certezas,
a framboesa do abismo, 
mas tendo certeza
da verdade individual
e de toda a verdade
unificada elétricamente
nos gorjeios das saudades...
Epopeicamente, 
indiscretamente,
me refiro ao largo tempo
das colisões vagas,
daquelas que apenas
as inúmeras egregoras
lampejam lentamente
em nós.
Vamos!
Seguindo a frente,
sem deixar cair 
o pente de ouro,
onde o touro gigante,
mesmo distante,
ainda respira
para alegrar os humanos.
E no passeio matinal,
o orvalho ainda cai,
lentamente...

Vanize Claussen
18/06/2018



quarta-feira, 6 de junho de 2018

PARTIDA

A vida,
muito simples,
continua a frente.
Dissolvo 
os ferrões inquietos
da minha frente.
Pérolas de palavras
jogadas ao vento.
Apenas,
mágoa,
sem solução.
Deixa lá,
não vou entrar,
nessa casa absurda.
O contínuo fluxo,
ainda vermelho,
orienta o vôo.
Abro as asas,
vou subindo,
 devagar.
Observo 
as nuances,
nuvens coloridas,
brisa leve no rosto.
Decisão chegando,
está na hora.
Já não posso mais,
jogo a rede
desejando pescar,
nas entranhas 
da minh'alma
a calma 
do sono sonhado.
Replico,
repico,
reproduzo
e não quero.
Palavras soltas,
solidão,
plantação apenas dentro.
O jardim está florido,
colorido,
mas não há quem o veja,
a terra o engolirá
e as raízes 
precisam desaparecer.
O entorno 
precisa escoar
das lágrimas
que a alma despeja.
A solução se foi,
agora tenho apenas
a partida.

Vanize Claussen
06/06/2018



sexta-feira, 1 de junho de 2018

EXPERIMENTO

O corpo morto,
fundido no tempo,
dissecado 
nas áureas sensações
de experimento.
Jaz,
fertilizado,
usado
saborosamente
nos inquietos rumores,
discretos anseios
do formigamento
das emoções famintas
de carrancudo medo
da felicidade.
Soterra,
dentro,
as vazias sentinelas,
todas elas
facetas inaproveitáveis,
improváveis azuladas,
suas cascas.
E nas rodas,
rotas,
passadas no toco,
caminhos sem fim,
o humano perdido,
reprovadamente,
sorrateiro,
comento seu próprio
prazer escondido:
a fome.
Sorvendo,
aglutinando saliva,
vai roendo 
sua própria barriga.
Ah! Pensamento!
Que tempo turvo,
e primitivo humano
estou vendo.
Limpa-me,
saúda-me,
traz paz
que na infância
tinha muito mais.
Que o Criador
da criação
olhe por cada um de nós,
hoje e sempre.

Vanize Claussen
29/05/2018


terça-feira, 29 de maio de 2018

MORDIDA

O motor ronca,
a fumaça vai saindo,
caminhões em todo lado,
parados.
O povo reclama,
já vai mais um dia,
sem gasolina.
Entremeados,
esfameados,
perdidos no lixão,
a população
vai engolindo 
a lama dos poderes,
uma gestão,
usurpada,
democracia vazia.
Já não se pode,
nada se faz...
pela dignidade,
apenas humana.
Um país,
Terra Brasiles,
políticos eletistas,
fascistas,
perdidos
em seu próprio
egocentrismo.
Discurso enganador,
emissoras vendidas,
perdidas na leitura
da gravura exposta
da população sofrida
por tantos impostos.
Desgosto em cima,
desgosto embaixo, 
um rastro de um rato,
cada um num prato,
mordendo nossas 
carnes estremecidas,
ainda doídas,
de tanta derrota.
Riquezas?
Somente quem pode.
- Ora, que burrice!
Deixa morrer,
pagando promessas
de habitação,
de terra prometida!
- Deixa morrer,
varrer a civilização
e deixar a hegemonia
comandar a sobra dos ratos!
Que povo barato 
que não grita,
que do pouco que ganha,
se assanha a comprar,
mas o imposto,
esse embutido,
não para de nadar
entre as ondas populacionais
de todo mundo!
Ah! Capitalismo,
talvez cético.
O dinheiro ainda vai acabar,
e depois?
Quem vai conseguir
ser dono?
Dono que que 
e comandante de quem?
Miséria será o teu fim,
humanos sem alma,
que tiveram o poder
e acumularam,
acumularam 
e tiraram
dos mais fracos.
Um dia virá o tempo,
será sagrado,
além da visão
de um demente egoísta.
Seremos humanidade
e cresceremos humanos
pelo tempo em idade.
Saberemos dividir o pão e
nosso pedaço cada dia.
O alimento será além do físico
e cantaremos unidos
por uma nova civilização,
onde amar o outro
será amar a nós mesmos.

Vanize Claussen
29/05/2018






terça-feira, 8 de maio de 2018

CRIAÇÃO

Carrego no ventre da alma,
a poeira cósmica de ser.
No caminho dissolvo teias
e vou vagando na brisa
as quantidades de luz
que me chegam de lá.
O movimento anestesia
a pulsação de tanta arte.
As canções que outrora
chegavam de todos os lados
apenas, de longe,
reflete o tempo perdido.
Agora, no andar constante,
flutuo nas estações,
recebendo o que vem,
com paz e serenidade.
O tempo de vida
trás o reflexo de ver,
muito além das imagens,
tatuagens e semblantes.
Apenas as corredeiras
descansam em paz,
passando, leve,
as pernas de existir.
E a vida,
no útero,
tal qual experimento,
formiga dentro,
descansando na criação.
As palavras não podem,
não dizem,
a sensação inteira,
de estar,
aqui,
e ver.

Vanize Claussen
08/05/2018



segunda-feira, 9 de abril de 2018

LEMBRANÇA

Relembrando o tempo,
dissolvendo estrelas,
no pulsar das estações,
seguindo em busca do amor.
Vou semeando,
cantando maré
no vento úmido de espumas.
O corpo,
na imensidão arenosa,
transforma-se em leveza,
agradece o pulsar da luz,
ouve o som das águas,
restaura infância,
renova saudade de vida. 
E, na sequência,
dos interfones coloridos
das idéias,
as soluções inexatas
vão mareando
nos cristais invencíveis
do tempo,
a lembrança.

Vanize Claussen
19/11/2017


segunda-feira, 2 de abril de 2018

EM FRENTE

O brilho seco,
dissolve as entranhas
da alma estranha.
Agora observando,
renovando o canto,
os passarinhos.
A canção entoa.
No vento,
paz.
O pente da folhagem
toca silêncio na alma.
Sonhar faz parte
de uma luz infinita.
O grito,
dentro,
relata o sabor do medo,
que vai saindo,
devagarinho solto,
passando,
vai mudando,
fazendo parte das partes.
Coragem,
em frente...

Vanize Claussen
11/01/2018


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O CAMINHANTE