Vanize Claussen
Vanize Claussen
O tempo aquece,
estremece,
dentro.
Vou cantando
as orações,
vou debulhando
as canções,
assim,
imaginando
soluções.
Dentro,
está aquecendo.
Um vôo mais alto,
talvez.
Decresço...
mas observo.
Estar acima
é como estar abaixo
e vice-versa.
As pontes são longas,
as possibilidades infinitas.
Arrumo meu semblante
de brisa leve
e vou saindo
das interlocuções alheias.
Prossigo e sigo.
A estrela é o destino
de olhar o céu e viver a vida.
Só agradeço,
nas temporalidades,
agradeço.
Vanize Claussen
05/02/2025
O ponteiro do relógio
dispara,
transformando
as interlocuções internas,
em sementes.
O mundo apaixona-se
nas inteirezas descobertas
ao profundo túnel
em seu próprio ser.
A porta abre-se,
desloca-se
e escancara seu valor.
Ainda é cedo
e o vento dedilha
nas pontas das árvores,
musicando a vida,
trazendo
em suas notas
a certeza da mudança.
Já não se é igual.
Os trocadilhos do caminho
amansaram sua bile
e o movimento do balanço
nas folhagens,
trazem,
apenas,
certeza.
Apesar da distração,
por certo período,
a visão retorna
ao coração fechado.
O lago,
espelhando,
no brilho da superfície
a sua profunda pureza,
alimentando,
por dentro,
suas muitas pequenas
formas de vida.
O horizonte abre-se
no azul-céu de nuvens rasas.
O caminhante,
desse tempo,
apenas observa a paisagem,
numa meditativa
formúla de insigths.
O corredor do tempo
em seu túnel mágico,
não espera,
nem observa,
apenas continua
sua natureza
de ser quem é.
O observador,
por si só,
alimenta-se
das ideias renascidas.
Ele desmascara
a corrente sanguínea
e segue seu caminho,
atrelado, em si,
no fluxo do agora.
Vanize Claussen
11/02/2023
O vento,
no frenesi constante,
fricciona as folhas valentes
da grande mangueira.
As folhas verdes,
cremes, marrons...
fremulam suspensas
na ponteira do céu,
arredio hoje,
com a cor cinza buscapé,
olhando a gente,
de longe.
O flambloyant gigante
iluminado de flores
na rua aberta,
faz um tapete,
coloidal de luz.
A aranha no telhado,
começa a tecer,
descendo lentamente.
Eu a olho,
da rede laranja,
deitada
suas perninhas pretas...
parece me obsdervar,
também.
Hoje o tempo está obtuso,
sem muita alegria,
mas as cores vão voltar.
O tempo está parado
e os pássaros,
ao longe,
cantam seus piados,
cada um na sua linguagem,
até o Bem-te-vi.
A natureza exclama certezas
nas incertezas impermanentes
de tudo.
Gosto de observar,
cada situação,
um olhar perceptivo
encontrando um caminho
através do que escrevo.
Dizer apenas o que percebo
e sinto desse mundo.
Estou a deriva,
tentando me adequar
as novas circunstâncias.
Não sei até quando,
mas ainda tenho um tempo,
eu acho.
Deus é quem sabe.
Vanize Claussen
07/02/2022
O cristal se abre,
evaporando dentro
a singeleza do amor.
As faíscas sobrevoam,
invadindo lentamente
a centelha luminosa
dos corações mais secos.
Abre-se as comportas,
de onde saem,
as mais ricas experiências.
A cor vermelha,
laranja,
em seu calor estonteante,
comete a invasiva tênue
sensibilidade da arte de ver.
Os inquietos destinos
encontram-se
e dissolvem suas mazelas.
Agora é vida
em plenitude.
Agora é templo
do tempo de estar.
Agora é o espaço de apenas ser.
O caminho aberto,
as flores emanando
perfumes variados,
as cores invadindo a alma.
Somos além daqui
e vamos seguir em frente,
com a estrela na testa
da sabedoria de viver.
Hoje estamos,
amanhã seremos
apenas uma luz.
Vanize Claussen
02/03/2024
Os cometas
alinhados ao centro
das corredeiras do amor,
reconfortavam,
na imagem polida,
de uma lua crescente,
a pálida expressão da brisa.
Os movimentos aconchegavam,
carregados de imagens sutis,
as pérolas do tempo.
Mover-se ao centro,
em si mesmo,
era o motivo
dos paradoxos.
Mas a certeza da luz,
embriagada no divino ser,
que caminhava pela porta,
adentrando sua imagem,
espelhando seu sentido,
era maior que a centelha
pulsante do seu coração,
era o propósito.
Assim,
no âmago do espaço,
escalava seus pensamentos
com a inquietante certeza
de prossseguir
cavalgando suas estrelas.
Vanize Claussen
24/10/2023
O olho aguça a fala,
tecida no tecido,
colorida,
africano.
É como um vento,
Uma névoa,
Um lamento,
Uma força,
que a branca canção,
num toque,
não consegue,
por padrões criados,
nesse tempo humano,
captar.
A negra presença se faz,
numa ausência atrás,
agora.
Somos filhos da África,
somos filhos do vento,
da poeira do caminho,
de árvores sagradas,
somos filhos dessa estrada
entre África- Brasil.
Somos a mistura de povos,
NEGROS, BRANCOS, AMARELOS, VERMELHOS
de todos os lados,
SOMOS O COLORIDO BRASILEIRO.
Somo um povo cafuzo ou confuso?
Somos um povo mameluco ou maluco?
Somos todos, pajem,
de em algum momento.
Em algum movimento,
Viramos a página e seguimos
Na nossa divina presença preta
no coração vermelho-lilás.
Onde mais teremos esse templo?
Nos cabelos encaracolados,
mesclados, revirados,
trançados e lisos.
Seremos a nação de todos,
numa mistura
portadora de cores
e iluminada de amor por todos.
Somos a BRASÁFRICA.
Vanize Claussen
06/08/2023