sábado, 5 de abril de 2025

DEPOIS DAQUI

A chuva reluzente,

transborda lentamente

minha mente eloquente.

Vou trafegando nas palavras,

descobrindo abrolhos intermitentes,

nas conjunções desprotegidas da vida.

Vou descendo,

subindo,

nas indagações que faço.

Vou trançando,

através de um compasso,

as linhas coloridas

da era em que vivo.

Sou poetiza do tempo.

E no espaço,

 transformo a ventania em brisa.

E olhando,

a chuva lá fora,

observo o brilho

das gotículas enluaradas,

orvalhando a terra.

Quando é preciso,

sou tempestade,

ao mesmo tempo

amorteço o voo,

como águia,

deslocando bico e penas,

renovando as certezas

de um novo movimento.

Aqueço as garras,

afio minha grifa,

alterando onde passo,

na cadência das páginas

que escrevo.

Vou traçando os desenhos,

com a água que cai do céu,

sorrindo nas mudanças

das estações fugazes.

Mas a chuva contínua,

nesse exato momento,

colapsa dentro,

lavando e transformando,

como fosse água benta.

Agora,

toco as formas desenhadas,

olho através do espelho,

distante de opiniões.

O momento é interno,

onde ninguém pode tocar.

Nesse lugar recebo do divino,

fortalecendo minha centelha.

Aqui é o encontro

com aquilo que vem depois.

Somente observo

onde estou

 e sigo.

 

Vanize Claussen

05/04/2025




 

 

 

 

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