A
chuva reluzente,
transborda
lentamente
minha mente
eloquente.
Vou
trafegando nas palavras,
descobrindo
abrolhos intermitentes,
nas conjunções
desprotegidas da vida.
Vou
descendo,
subindo,
nas indagações
que faço.
Vou
trançando,
através
de um compasso,
as linhas
coloridas
da era
em que vivo.
Sou
poetiza do tempo.
E no
espaço,
transformo a ventania em brisa.
E olhando,
a
chuva lá fora,
observo
o brilho
das gotículas
enluaradas,
orvalhando
a terra.
Quando
é preciso,
sou tempestade,
ao
mesmo tempo
amorteço
o voo,
como
águia,
deslocando
bico e penas,
renovando
as certezas
de um
novo movimento.
Aqueço
as garras,
afio minha
grifa,
alterando
onde passo,
na
cadência das páginas
que
escrevo.
Vou
traçando os desenhos,
com a
água que cai do céu,
sorrindo
nas mudanças
das
estações fugazes.
Mas a
chuva contínua,
nesse exato
momento,
colapsa
dentro,
lavando
e transformando,
como
fosse água benta.
Agora,
toco as
formas desenhadas,
olho
através do espelho,
distante
de opiniões.
O
momento é interno,
onde ninguém
pode tocar.
Nesse
lugar recebo do divino,
fortalecendo
minha centelha.
Aqui é
o encontro
com
aquilo que vem depois.
Somente
observo
onde
estou
e sigo.
Vanize
Claussen
05/04/2025